sexta-feira, 28 de agosto de 2009

MADAME JOAQUINA

Pele alva e tenra, um pouco desgastada é bem verdade. Não se cuidava, quando muito se preocupava era só com o cabelo. Alta entre as mais baixas, com salto chegava com dificuldade a um e setenta. Caminhava meio torto, sem direção definida, mas no fim sempre chegava. Branquela, sem sal (ainda mais quando estava sem salto e maquiagem), não antendia aos padrões de beleza, não tinha talento tampouco elegância, mas teimou em ser modelo.

Não podia reclamar muito, nada faltava, sua vida sempre foi regada, mas com água salgada. Levava no peito mais de mil medos, tratava eles sempre com muito respeito. Nas mãos as pedras que juntava no caminho, na cabeça um sonho. E com o pouco que tinha foi-se embora.

Paixão, energia, vibração e determinação superaram o talento que não tinha. E chegando onde queria percebeu que no fundo o que tinha era o que mais valia.

Esta é a história de Joaquinha, respeitosa madame, modelo por viver sem desculpas e tentar simplesmente ser a melhor do mundo em tudo que faz.

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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PREMISSA: vai dar tudo certo.

p.s. mas trabalha visse, danado!

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domingo, 23 de agosto de 2009

Queria achar um lugar onde pisar na grama não fosse proibido, em que eu pudesse me deitar e ficar à vontade para ler aquele livro. E se eu me cansasse, deitaria, dormiria, sem nenhuma preocupação.

Transmitindo meu sentimento de liberdade, que tanto prezo e mais ainda. Lembranças de um verão condensado em inverno. Liberdade ligada a refúgio, segurança, isolamento.

Encontro com a consciência. Ambiente oportuno para suprir a grande necessidade de preencher um vazio que insiste, vazio de respostas.

Se são as perguntas que nos movem não sei
A única certeza que compartilho
É que as respostas existem

Nos lugares mais improváveis, sabe-se lá onde estão
Nem sempre estão prontas para serem descobertas
E o tempo que segue não garante que as respostas virão

É assim que eu vivo, ora mais ora menos
À medida que o certo derrota o incerto

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Eu sofro de um grande problema: perda de memória recente.

Na verdade não é nada científico, nem nunca aprofundei melhor esta minha teima, mas vira e mexe eu esqueço as coisas na hora de falar, lembro e logo esqueço novamente.

Para me confortar desconfio que isto não atinge só a mim. Não, não sou um caso raro a ser estudado em teses de doutorado. Muito, mas bem muito longe mesmo disso...

Acontece que sou desorganizado por vida e acabei estendendo esta desordem às idéias. Vivo misturando as coisas, ora pensando em mil coisas, ora pensando em nada.

E como aprendi que todo problema requer um plano de ação para ser resolvido, pensei em passar a fazer algumas coisas bem simples e normais como começar e terminar um livro, ler um título de cada vez, fazer do papel e da caneta companheiros inseparáveis e registrar meus sonhos interessantes assim que acordar, na única oportunidade que tenho de impedí-los de acabar.

Prometo dar notícias... espero que dê certo.

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

S E N T I M E N T O

A FLOR E O SEU PEQUENO PRÍNCIPE

Ao se despedir foi isto que ele ouviu...

É claro que eu te amo. Foi minha culpa não perceberes isto. Mas não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz...

E já longe foi isto que ele pensou...


Não a devia tê-la escutado, não se deve nunca escutar as flores. Basta admirá-las, sentir seu perfume. A minha perfumava todo o meu planeta, mas eu não sabia como desfrutá-la. A tal história das garras, que tanto me agastara, devia ter-me enternecido... não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado por seus atos, não pelas palavras. Ela exalava perfume e me alegrava... não devia jamais tê-la abandonado. Deveria ter percebido sua ternura por trás daquelas tolas mentiras. As flores são tão contraditórias! Mas eu era jovem demais para saber amá-la.

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Não poderia faltar neste blog um pedacinho de O Pequeno Príncipe. Escolhi a dedo esta parte por acreditar fortemente que o sentimento existe e está ali pronto para ser sentido pelas ações muito mais que pelas palavras. E que fique claro que em minha opinião o livro é sim de criança mas é para adultos, não o contrário.


Muito obrigado à minha querida amiga Ceci pelo livro e por todo carinho, respeito, sinceridade e sobretudo por ter me cativado antes mesmo que soubesse ao certo a grandeza que esta palavra representa.


Completo com este trecho... a raposa explica que é preciso ser paciente para cativar e cada dia é um avanço. Quando o príncipe volta no segundo dia eis o que ele escuta:


Teria sido melhor voltares à mesma hora. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!


Esse talvez seja o meu favorito!

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A CASA DOS MEUS SONHOS

(só porque faço questão de registrar para não correr risco de que algum dia nos desencontros desta vida eu me esqueça ou eu mude e meu sonho padeça)

Não sei se seria pedir muito, mas como é de sonho tenho direito de exigir: só queria se fosse assim...

A fachada é algo muito importante, poderia ser de pedra ou de madeira, nada de muro ou cerca, bem convidativa e com a grama bem viva.
Dentro sim teria uma grande lareira e bastante espaço para dançar a noite inteira...
Sim, as portas têm que ser redondas e enormes para que eu possa ver o mundo...
Esta é parte de trás, uma singela queda d'água alimentando águas bem calmas...
Muita árvore, muito verde, o quintal teria um jardim cheio de flores, cada uma a mais especial no tempo certo. E a casa dos meus sonhos precisa de um lugar de sonho, que seria mais ou menos assim...
Olha só de onde vem tanta água...
Ah, não podia faltar, este seria eu, o mais feliz, se felicidade pudesse se medir...

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domingo, 16 de agosto de 2009

Z É
N I L T O N

Zé Nilton parecia um sibito de tão magro, só tinha olho. Mas pense num moleque danado! Cabra bom lá do sertão de Pernambuco, cidade chamada Afogados da Ingazeira. Mas não foi bem na cidade que o conheci e sim nos mato...

Para aclarar mais um tiquinho pense só no seguinte, o Brasil é terceiro mundo do mundo, o nordeste é terceiro mundo do Brasil, Afogados da Ingazeira é terceiro mundo do nordeste e os mato (assim mesmo plural-singular) são o terceiro mundo de Afogados. Pois foi lá que eu fui morar e lá a família de Zé Nilton já vivia há gerações, desde que o último descendente imigrante saiu de um lugar ainda mais distante numa seca desgramada e se danou pra lá, pros mato de Afogados, iludido com a idéia de que foi uma cheia que deu nome à cidade.

Essa história tem uma coisa engraçada, a cidade se chamava Afogados, pelo nome seria a cidade do sertão que mais tinha água, mas num ano inteirinho não caia sequer um pingo d'água. O que nos salvava era que nos mato tinha o Oiti, o Oásis em terras mais escuras e o que importava é que nele tinha água e que o pouco que tinha para nós bastava. Lá era a nossa praia, era mesmo o paraíso, onde tudo era possível com nossa imaginação. Mas criança não imagina o que mais era preciso, enquanto isso papai era que fazia mágica, conseguiu até montar uma barragem para dar de comer à plantação.

A vida era tranquila, minha única preocupação era com as raposas, meu maior pesadelo não sei se era com ela ou se com os guarás. Para mim era tudo a mesma coisa, era místico, nunca tinha visto, só sabia que era rápido feito um trem e mortífero como uma bala. À noite as portas eram trancadas, não por medo de assalto, mas por causa dos temíveis lobos. Lembro também de uma sucuri que apareceu na geladeira, mas meu pai foi bem ligeiro e com um cabo de enchada matou logo a danada que não era brincadeira.

E nessa história toda o Zé Nilton teve grande participação, cresceu com a gente e com a gente era grudado em todas as horas, menos na escola. Eu ia para a escola em cima da caçamba de uma Pampa, era eu, meu irmão e sempre alguns botijões de leite. Como esquecer do dia que um botijão virou se abriu e tomei banho de leite antes da aula. Andava na Pampa para todo destino, na chuva era pior, dois pintos molhados tomando um vento arretado, tentando se proteger de qualquer jeito. Sem isso se brincar até dormia, o sono era pesado, confortavelmente instalado no assoalho de madeira. Até ganharmos de presente uma capota e um colchão, até minha irmã saiu da boléia e foi para cima.

Zé Nilton era disposto, de tudo fazia um pouco, e junto do pai dele e do meu pai botava ordem na plantação. Não tinha medo era de nada, nem dos guarás e nem das cabras, tirava leite delas e mandava nelas. E elas sempre obedeciam ele e sua tabica.

Zé Nilton era sabido, acreditem que um dia vendo seu pai no carro de boi botou na cabeça dele de ter um só para ele. E não é que conseguiu, já que não tinha boi, fez um carro de cabra.
Com ele nada era igual, era mesmo uma aventura quando a gente ia para o curral. Não para ver as vacas, mas para brincar de ver quem corre mais, se esconder nos cochos, pular na valetas imensas das construções.

Foi o tempo que no lugar do carro de controle remoto era o carro de lata de leite, barbante e areia, nosso carro de corrida era o carrinho de rolimã e que nosso animal de estimação era um vira-lata chamado Valente.

Tempo que o tempo parou por um segundo e de repente acabou, a seca veio novamente, a barragem e até o Oiti secou. Lembro de uma vez que a gente foi viajar e Valente descontente começou a desconfiar, pensou que a gente ia embora e ele ia ficar. Ele sentiu que ali já não era mais o seu lugar. O cachorro era insistente e se danou a relutar, botou sebo nas canelas para a Pampa alcançar, gritando desesperado para ser também levado. O pobre triste não conseguiu nos alcançar, mas teimoso avançou depois da porteira e alcançou a rodovia num ataque de doideira, até que foi calado, depois de um grito e um grande estalo, de forma nada lisonjeira. E no mesmo instante que foi calado, na caçamba vendo toda a cena, começamos a chorar.

Pouco tempo depois foi a gente que entendeu que Afogados não era mais nosso lugar. Mas Zé Nilton ficou lá, no sol se resiste e na chuva se agradece, hoje ele é pai de família, tem uma tuia de meninos, que cuidam do sertão para o sertão não se acabar.

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sábado, 8 de agosto de 2009

Versos feitos sem coração
Não formam um poema
E poema lido sem sentimento
Nada mais é que simples rima

Não tem jeito e eu respeito
Mas é que pra completar
Um dá e recebe
O outro recebe e dá

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C A M I N H O
Ao grande Chico e a todos os outros que inquietos se vão pelo mundo, danados a enfrentar novos desafios e se encontrar no vazio.
É que cada um é um mundo
E cada mundo um moinho
A cada giro alguém pula
E segue seu caminho...

"Aqueles que passam por nós, não vão sós nem nos deixam sós.

Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."

Antoine de Saint-Exupéry

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O nobre sentimento sempre há de vir
Resiste, insiste, teima em existir


Caetano Veloso
- Sou Você -


Mar sob o céu, cidade na luz
Mundo meu, canção que eu compus
Mudou tudo, agora é você

A minha voz que era
da amplidão, do universo, da multidão
Hoje canta só por você

Minha mulher, meu amor, meu lugar
Antes de você chegar
era tudo saudade
Meu canto mudo no ar
faz do seu nome hoje o céu da cidade

Lua no mar, estrelas no chão
a seus pés, entre as suas mãos
Tudo quer alcançar você

Levanta o sol do meu coração
Já não vivo nem morro em vão
Sou mais eu porque sou você

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quarta-feira, 5 de agosto de 2009


"Metade de mim

Agora é assim

De um lado a poesia, o verbo, a saudade

Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim"



Fernando Anitelli

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